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Linguagista

Latim, pelas ruas da amargura

Português, e é um pau

 

      «Inicialmente, o chafariz do Laranjal, como ficou conhecido, por ter passado pelo largo que teve essa designação, esteve no atual Largo de S. Domingos, onde era conhecido como o chafariz de S. Domingos. Foi ali colocado nos começos do século XVI e lá permaneceu até 1845. Recebia água do manancial de Paranhos e era constituído por uma coluna central com duas taças de quatro bicas cada, lançando a água para um tanque de bordos curvilíneos. No bordo de uma das taças está grava [sic] uma legenda em latim. “REIP – VSIV – DICATVM – COMMUNI”, que em português quer dizer “ao uso do povo”» («Chafariz do Laranjal», Germano Silva, Jornal de Notícias, 28.01.2024, p. 22).

      Hum... será mesmo o que se lê na legenda? Nem preciso de mandar lá o correspondente no Porto do Linguagista: se estiver assim, está errada. Pelo menos (mas quase de certeza também a ordem das palavras) aquele «VSIV» está errado. E claro que Germano Silva se limitou a copiar a tradução de qualquer lado. «Destinado ao uso comunitário pelo povo», é o que se lê na legenda.

 

[Texto 19 320]

Agora estropiam o latim

Eternamente

 

      «“É-se proprietário de um terreno até ao centro da Terra. Tudo o que estiver por baixo está ligado à propriedade”, diz Pimenta Machado [vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente], em termos simples. Porém, para explorar as águas subterrâneas é preciso pedir uma autorização — mas isso é diferente de pedir uma licença. “Se estivesse no domínio publico, a licença poderia ter condicionantes e ser provisória. Uma autorização é adaeternum”, explica» («Portugal deve avaliar se águas subterrâneas devem passar a ser públicas e cobradas, admite APA», Clara Barata, Público, 27.07.2023, p. 12).

      Vá, vamos lá estropiar também o latim, porque quanto ao português o trabalho vai bem adiantado.

 

[Texto 18 551]

Uma espécie de latim

Só que não é

 

      «Temos portanto que as barreiras para uma vitória democrata são mais altas do que antes e do que se costuma imaginar. A Joe Biden não basta estar à frente nas sondagens (Hillary Clinton também esteve), nem ter mais votos (idem), nem sequer ter muito mais votos (ibidem)» («E se ninguém ganhar as eleições nos Estados Unidos?», Rui Tavares, Público, 26.08.2020, p. 40).

      Para Rui Tavares, é como se idem e ibidem fossem sinónimos. Nada mais errado. E o itálico, estão a poupá-lo? Já teria uma pista a pertença destes dois termos a classes gramaticais diferentes, mas isso era se quem escreve consultasse dicionários e gramáticas.

 

[Texto 13 877]