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Linguagista

Como se escreve (e pensa) por aí

Obviamente inútil

 

      «No vídeo postado a 21 de fevereiro na mesma página há grupos de crianças e jovens com caracterizações que incluem caras pintadas de castanho (blackface), assim como cabeleiras “afro” e maquilhagens a imitar olhos orientais. Apesar de uma situação semelhante, ocorrida em 2019 em Matosinhos, ter desencadeado polémica nacional, as escolas de Santarém, como a respetiva autarquia, parecem ter passado à margem desse debate» («Carnaval “intercultural” de Santarém mascara crianças de “cigano” e “africano”. “Obviamente racista”, diz Teresa Beleza», Fernanda Câncio, Diário de Notícias, 21.03.2023, p. 10). Farto-me de rir com isto. Qual a necessidade de usar ali a palavra inglesa? O que acrescenta isso à informação do leitor?

 

[Texto 17 910]

Um estranho caso

Não me digas

 

      «É um livro obrigatório nas escolas brasileiras, faz parte do dia a dia de milhões de adolescentes, está disponível em qualquer biblioteca, é cobrado nos vestibulares. Não deveríamos também proteger os jovens de passagens que podem ser lidas como capacitistas e machistas?» («Censura a Roald Dahl mostra que livro infantil não é lido como arte», Bruno Molinero, Folha de S. Paulo, 25.02.2023, p. C8). Fica-se obstúpido quando se lê a etimologia de capacitista no dicionário da Porto Editora: «Do inglês ableist, “idem”, a partir de able[-bodied] “apto, capaz; sem limitação física ou mental”». E já que aqui estamos, vou fazer uma pergunta que até me ficava mal se nunca a fizesse: por que razão (é mais raio ou diacho) aquele idem aparece entre aspas em todas as notas etimológicas do dicionário da Porto Editora? Não é necessário, pois escrevendo-se meramente idem, sem aspas, está a dizer-se que o étimo já significava o mesmo.

 

[Texto 17 803]

 

P. S.: E por falar em coisas estranhas: como é que vasodepressão pertence ao domínio da Medicina e vasopressão não pertence?